terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cozinheiro

Aprecio muito mais uma mulher na cozinha do que um homem. Tem outra graciosidade, outra delicadeza, outra doçura. Talvez seja das minhas recordações de infância: uma avó que fazia verdadeiras delícias quando eu chegava da escola, que fazia um incrível pão-de-ló do mais tradicional que existe, que mimava os netos com hambúrgueres, bifes do lombo e batatas fritas, que se desenrascava com mestria numa cozinha primária e minúscula. Por outro lado, tenho uma mãe que é uma cozinheira soberba e por mais que eu faça mil e um pratos diferentes e que inove nas invenções, jamais conseguirei igualar um prato dela, daí que ir comer a casa dos meus pais tem aquele sabor único e reconfortante que não se tem em mais lado nenhum, mas penso que é assim com todos nós.
A minha experiência na cozinha vem desde os 20 anos. Confesso que antes de ir estudar para fora, não cozinhava de todo e mesmo nos primeiros anos levava os taparueres cheios de comida caseira para não passar fome ou não me encher de hambúrgueres e pizzas durante a semana. Mas á medida que o tempo passou comecei a querer experimentar e cada semana que passava fora de casa era como um estágio. Cozinhava por intuição e não me recordo de querer copiar receitas da televisão ou das revistas, recordo-me sim de me inspirar naquilo que via a minha mãe fazer em casa.
Depois que acabei o curso, voltei a casa dos pais e até ir morar sozinho passaram 5 anos. Durante esse tempo, fui novamente zero na cozinha, até que o grande salto deu-se em 2007 e desde aí nunca mais parei. Cozinho diariamente, com poucas repetições e sou capaz de fazer tudo, mesmo que não fique um primor, pelo menos tentei. Mas confesso que nos tempos que correm, com este boom de cozinheiros e programas de culinária, é difícil não ser influenciado ou não lhes ir buscar alguma inspiração, mas afianço que nunca faço um prato literalmente como o vejo.
Comecei a ver o novo programa do Jamie Oliver sem grande atenção, porque não é dos meus cozinheiros preferidos, sempre o achei muito trapalhão e exagerado nos condimentos. Mas este Jamie’s 30 Minute Meal despertou o meu interesse quando percebi e achei inacreditável conseguir fazer uma refeição completa em apenas 30 minutos. O cenário descomprometido não distrai, as loiças usadas têm piada, os condimentos continuam a ser puxados, mas no final é apresentada uma mesa composta, ligeiramente boémia e cheia de coisas com bom aspecto, no fundo é isso que me encanta.

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