quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Demasiado Pessoal



Estranhamente os primeiros post deste ano têm tido um cariz muito pessoal... apesar deste blog se chamar Crónicas da Vida não era minha intenção enveredar por uma escrita demasiado reveladora e intimista, porque há assuntos e temas que nem às paredes se confessam, mas como tento manter um fio condutor entre os posts que escrevo, tinha que dar continuidade ao momento das confidências.
Como é sabido adoro os revivalismos de épocas passadas, no entanto, no que toca aos assuntos pessoais faço questão de esquecer o que já lá vai, mas inevitavelmente o dia nove de Janeiro, traz-me sempre à memória uma certa pessoa e os acontecimentos a ela associados.
Em flashback regresso a 2001, quando fui conhecer essa pessoa depois de dois anos de conversas online. Na altura estava a estudar em Santarém, tinha 23 anos e estava a começar a aproveitar a vida, tardiamente, mas de forma regrada, e decidi aventurar-me num encontro. Não procurava namoros, mas por tudo que havia sido escrito, já tinha criado uma imagem perfeita dessa pessoa e avançei com elevadas expectativas. Fui de comboio até Lisboa, segui de metro para a Alameda e encontramo-nos no IST, depois fomos para o Parque das Nações e à beira rio perdemo-nos nas conversas. A cada segundo que passava sentia-me mais encantado por aquela pessoa, que correspondia totalmente ao meu ideal de beleza e me fascinava pela maturidade apesar dos seus 19 anos, muito mais vividos que os meus 23, diga-se a bem da verdade. Logo ali tentou não me criar ilusões, mas era tarde demais, eu já estava apaixonado... Fomos ver o filme Moulin Rouge e não sei se o encanto se deveu ao momento, o certo é que até hoje permanece como um dos meus filmes preferidos de sempre. Antes de nos despedirmos, ainda houve tempo para me escrever uma dedicatória e depois cada um seguiu o seu caminho.
Os momentos que se seguiram foram de um coração a palpitar com um sentimento lindo e novo, para logo ser despedaçado com a confirmação que não era correspondido e que a esperança não era sequer uma hipótese. Sofri, chorei, enlouqueci, mas tentei a todo o custo captar a sua atenção, por emails e mais tarde por cartas e encomendas, tentando agradar-lhe com filmes, músicas e coisas que para mim faziam sentido e que podiam criar uma ligação emocional, já que não podia ser nada mais físico.
Tempos passaram sem grandes contatos e só anos depois consegui finalmente um reencontro em Lisboa, jantamos num restaurante indiano e fomos a um concerto. Eu ainda tinha o sentimento, camuflado sob uma capa de amizade, mas a verdade é que estava ciente que nada podia fazer ou dizer e que nada iria conseguir mudar a visão que tinha de mim. Depois disto esqueci o passado e virei a página, mas ainda houve tempo para me surpreender... Quis o acaso que nos encontrássemos inesperadamente num bar em Leiria, onde estava presente a sua cara metade de há muitos anos. O que me deixou perplexo foi ver que essa pessoa não correspondia em nada ao que eu tinha imaginado, era simplesmente banal, e mais do que um choque, foi uma apunhalada no meu pequeno e frágil ego. Anos e anos a martirizar-me por não ser suficientemente bonito para aquela pessoa que me renegou, quando afinal a beleza física era o que menos lhe importava, e podia ser um top model que não iria conseguir nada na mesma!!! Mas foi apenas naquele momento que senti o reverso da medalha a meu favor, pois foi das primeiras vezes que me senti bem na minha pele, confiante, jovem e tão melhor... e isso sim, foi o melhor presente que consegui tirar desta história.
Ainda houve um encontro de relance em Lisboa em 2006, nessa altura eu estava acompanhado por N. e ficaram a conhecer-se, a partir daí o contato foi-se fazendo apenas anualmente por altura dos aniversários e pouco mais.


Um comentário:

Anônimo disse...

a beleza está nos olhos de quem a vê... ;)